
Presidente do BC Revela: ‘Elevar IOF Não Era Minha Ideia!
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, se pronuncia sobre recente polêmica fiscal
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), fez declarações nesta sexta-feira (23 de maio de 2025) sobre a recente proposta do governo de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) como parte de um ajuste fiscal. Ele afirmou que nunca apoiou essa medida e ressaltou que não discutiu esse tema específico com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Galípolo explicou que a reunião com Haddad, realizada em 20 de maio, teve como foco a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca ampliar a autonomia do Banco Central. Embora outros assuntos, como investimentos ecológicos, tenham sido discutidos, o IOF não foi um deles. Ressaltou que Haddad havia previamente comunicado sobre o congelamento de R$ 31 bilhões no Orçamento de 2025 e elogiou sua decisão de rever a proposta do IOF.
Durante sua participação no "11º Seminário Anual de Política Monetária", promovido pela Fundação Getulio Vargas, ele comentou sobre a complexidade do trabalho da equipe econômica e a necessidade de manter um diálogo respeitoso entre as várias instituições governamentais. Galípolo mencionou que as decisões fiscais impactam diretamente as contas públicas e precisam ser discutidas com diversos setores da sociedade, incluindo o Congresso e investidores.
Ele ressaltou também que a separação entre as políticas fiscal e monetária é fundamental, embora haja uma troca de informações entre o BC e o Ministério da Fazenda, sempre respeitando as competencias de cada um. O presidente do BC declarou que sua instituição procura agir com responsabilidade, avaliando a política fiscal com a devida consideração aos impactos na inflação.
Em relação ao elogio a Haddad, Galípolo comentou que suas declarações foram “absolutamente perfeitas” e demonstraram um compromisso com a separação institucional. Ele afirmou que, devido ao que ele chamou de "trilema" na política fiscal, é natural que a equipe busque alternativas para o cumprimento das metas fiscais, mesmo que isso possa causar desconforto entre os investidores.
Volta atrás no aumento do IOF
Após uma forte reação negativa do mercado financeiro, o Ministério da Fazenda decidiu não aumentar o tributo sobre investimentos de fundos nacionais no exterior, uma medida que, segundo críticos, poderia ser vista como um controle cambial. O ministro Haddad reconheceu que, após ouvir os alertas do mercado, optou por revisar a proposta.
Haddad também observou que Galípolo não deve ser responsabilizado por questões que são de competência exclusiva do Ministério da Fazenda e confirmou que discute semanalmente com o presidente do BC, mas que a minúcia do decreto sobre o IOF não foi suficientemente analisada pela equipe do Banco Central.
Política Monetária e Expectativas Econômicas
O BC anunciou um aumento na taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006, em resposta à inflação que se afastou do intervalo alvo. Galípolo indicou que o cenário inflacionário está mais desancorado e que o crescimento econômico superou as expectativas, justificando assim a necessidade de um aperto monetário mais agressivo.
O Comitê de Política Monetária (Copom) apontou que uma desaceleração econômica é crucial para estabilizar a inflação e, apesar das projeções atuais indicarem um possível corte na taxa Selic somente em 2026, a instituição está monitorando as condições do mercado de trabalho e os dados sobre a massa de rendimento.
Em suma, as recentes declarações de Gabriel Galípolo refletem tanto a complexidade da situação fiscal atual quanto a importância do diálogo entre as diferentes esferas do governo. A atividade econômica e as expectativas para o futuro continuam a ser monitoradas de perto, enquanto as medidas de política monetária e fiscal são continuamente avaliadas para promover a estabilidade econômica.