Inquérito Bombástico: PF Indicia Bolsonaro e Aliados na ‘Abin Paralela’

A Polícia Federal (PF) finalizou e entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório sobre a investigação que investiga o uso ilegal de ferramentas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no caso conhecido como “Abin Paralela”.

Entre os indiciados estão figuras proeminentes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem, que foi diretor da Abin, e o vereador Carlos Bolsonaro. Além deles, diversos integrantes da atual liderança da Abin, incluindo o diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, também foram indicados. No total, mais de 30 pessoas estão sendo investigadas por suspeitas de utilizar a estrutura da Abin para realizar monitoramentos irregulares de autoridades públicas e ministros do STF.

O relatório da PF aponta Alexandre Ramagem como uma das principais figuras responsáveis pela organização do esquema. Durante o governo Bolsonaro, ele teria supervisionado esta operação paralela. Já o ex-presidente Bolsonaro é acusado de ter ciência das atividades da estrutura ilegal e de se beneficiar dela, sem tomar medidas para coibi-las.

Carlos Bolsonaro é mencionado por sua suposta liderança de um grupo que teria usado informações obtidas por meio dessa Abin paralela para criar conteúdos em redes sociais, com objetivo de atacar adversários do então presidente.

Os indiciados na cúpula da Abin também enfrentam acusações de tentativas de obstruir as investigações. Existem relatos de que, durante operações de busca e apreensão, funcionários da agência ocultaram computadores que foram mais tarde encontrados e apreendidos.

Uma ferramenta central na investigação foi o sistema de geolocalização FirstMile, utilizado irregularmente para monitoramentos, especialmente em 2021, durante um período pré-eleitoral. Desenvolvida por uma empresa israelense, essa ferramenta permitiu o rastreamento de até 10 mil celulares por ano nos primeiros anos do governo Bolsonaro.

O relatório menciona que diversos ministros do STF, além de deputados e jornalistas, tiveram suas localizações rastreadas por esse sistema, que operava fora dos procedimentos legais estabelecidos para a Abin.

A defesa dos envolvidos foi contatada, mas ainda não havia resposta até o momento. Carlos Bolsonaro, em uma rede social, comentou ironicamente sobre o indiciamento, sugerindo que a ação da PF seria uma estratégica relacionada às eleições de 2026.

Um elemento significativo do inquérito é uma gravação de uma reunião de 2020, que foi divulgada em julho do ano passado. Nesse áudio, Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem discutem estratégias para monitorar auditores da Receita Federal responsáveis por investigações ligadas a supostas irregularidades de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual. Ramagem sugere que, para anular a investigação, seria preciso instaurar um procedimento administrativo contra esses auditores e até removê-los de seus cargos.

Na época da divulgação do áudio, Ramagem afirmou que Bolsonaro se manifestou contra favorecimentos. Flávio Bolsonaro, por sua vez, considerou a gravação irrelevante, afirmando que apenas mostrava suas advogadas relatando suspeitas sobre interesses políticos na Receita Federal que afetavam sua família.

Esse caso implica questões sérias sobre o uso de recursos públicos e a ética em órgãos de segurança e inteligência, e as investigações estão em curso para averiguar possíveis irregularidades.

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