Adolescente de 15 Anos Preso por Suposta Liderança de Grupo que Incentivava Automutilação entre Jovens

Um adolescente de 15 anos foi apreendido nesta terça-feira em uma operação da Polícia Civil do Mato Grosso, em parceria com o Ministério da Justiça. O objetivo da operação, chamada “Mão de Ferro 2”, é combater grupos suspeitos de crimes cibernéticos que visam crianças e adolescentes. As ações ocorreram simultaneamente em 12 estados brasileiros, com 16 mandados de busca e apreensão sendo cumpridos, resultando em três prisões preventivas de adultos e seis encaminhamentos para internação socioeducativa de menores.

O delegado responsável pela investigação, Gustavo Godoy Alevado, informou que a operação começou após um alerta sobre a crescente prática de crimes cibernéticos no estado. As autoridades descobriram uma rede de adultos e adolescentes envolvidos em atividades ilícitas, como indução à automutilação e ao suicídio, perseguição, ameaças, e compartilhamento de pornografia infantil. Também foram identificadas práticas relacionadas à apologia ao nazismo e invasão de sistemas, incluindo o acesso não autorizado a bancos de dados públicos.

As investigações revelaram que os crimes aconteciam principalmente em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord. Nesses ambientes, os envolvidos disseminavam conteúdos violentos, estimulavam comportamentos autodestrutivos, coercitavam psicologicamente e ameaçavam as vítimas.

No Mato Grosso, o adolescente apreendido estava em Rondonópolis e já havia sido alvo de ações policiais anteriores. Sua mãe declarou que ele possui um diagnóstico de transtorno do espectro autista. Além de liderar um grupo online, ele também está sendo investigado por falsidade ideológica, após abrir uma conta bancária com documentos falsos, utilizada para a venda de material pornográfico via Telegram.

Outra jovem, de 16 anos e residente em Sinop, foi identificada como uma das “influenciadoras” do grupo, que cooptava meninas para ensinar técnicas de automutilação. O grupo é acusado de realizar uma livestream no Discord, onde um gato foi morto, e de extorquir suas vítimas, cuja informações pessoais foram obtidas de vazamentos de dados públicos.

Investigações revelaram que os criminosos acumulavam e vendiam conteúdo pornográfico envolvendo menores. Eles conquistavam a confiança de suas vítimas para obter fotos íntimas e, em seguida, as extorquiam, ameaçando expor o material para os pais ou escolares. Muitas das vítimas foram coagidas a atos humilhantes e prejudiciais, como se cortar ou ingerir água de vaso sanitário.

Durante a operação, também foram cumpridos mandados em outras cidades, como Lajeado e Serra, onde dispositivos eletrônicos e vapes foram apreendidos. A operação abrangeu ainda municípios em diferentes estados, como Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Piauí, Sergipe e São Paulo.

O diretor de Operações Integradas e Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública ressalta a importância da cooperação entre os estados para proteger as crianças e adolescentes e responsabilizar os que se escondem no ambiente digital para cometer crimes graves.

Os envolvidos nas investigações podem ser acusados de diversos crimes, incluindo indução, perseguição, ameaças, apologia ao nazismo e produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, com penas que podem chegar a 20 anos de prisão.

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