
Como os Países Árabes Podem Sabotar os Planos de Trump para Gaza?
A proposta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de transformar a Faixa de Gaza em uma espécie de “Riviera”, buscando reconstruir o território devastado por conflitos e realocar palestinos para outros países, rapidamente recebeu críticas no mundo árabe. A Liga Árabe, composta por 22 nações, rejeitou a ideia de mover palestinos de suas terras e se opôs à implementação do plano americano.
Após essa proposta, diversos países árabes optaram por elaborar uma alternativa para a reconstrução de Gaza. Uma reunião de emergência da Liga Árabe foi convocada para o dia 27 de fevereiro no Cairo, onde um plano preliminar deve ser discutido. No entanto, analistas ressaltam que a eficácia da resistência desses países aos planos dos EUA dependerá da capacidade de negociação de Washington.
Para que Egito e Jordânia, considerados por Trump como possíveis locais para acomodar milhões de palestinos, apresentem argumentos convincentes, será necessário demonstrar que a questão vai além de interesses nacionais. Segundo especialistas, esses países estão buscando uma frente unida para dialogar com autoridades americanas no intuito de influenciar a decisão do presidente.
Ainda assim, Trump parece acreditar que tanto Egito quanto Jordânia precisam aceitar suas orientações, pois recebem substancial apoio financeiro e militar dos EUA.
Relatórios da mídia indicam que um documento de 49 páginas elaborado por um economista americano redigiu os pilares da proposta de Trump para Gaza. Esta proposta inclui, entre outras ideias, a construção de infraestrutura significativa, como um metrô, portos, aeroportos e até um sistema de energia renovável. Dada a devastação em Gaza após ataques israelenses nos últimos meses e um recente cessar-fogo, a necessidade de reconstrução é clara.
Entretanto, o plano exige que Gaza seja “completamente esvaziada”, como sugerido pelo economista, o que levantou preocupações sobre a vilificação do deslocamento forçado de dois milhões de palestinos, o que poderia ser interpretado como uma forma de limpeza étnica.
Os países árabes têm ponderado como usar sua influência sobre os EUA sem entrar em confronto direto. No entanto, especialistas afirmam que é improvável que medidas sejam adotadas para impedir os planos de Trump. Fatores logísticos, incluindo a presença contínua do Hamas em Gaza, tornam a implementação de tais planos extremamente complexa.
A Jordânia, que é um dos principais aliados dos EUA na região, tem razões sérias para temer que a realocação de palestinos cause uma crise política em seu próprio território. O Egito também expressou sua resistência, afirmando que não aceitaria a pressão para aceitar refugiados da Gaza e que cortaria os laços de paz com Israel se necessário.
Além disso, as recentes tentativas de normalização entre países árabes e Israel, que estavam ganhando força, podem ser afetadas pela negativa dos países árabes em aceitar propostas que não ofereçam um caminho claro para um Estado palestino.
Apesar da resistência árabe, a proposta de Trump e a reação a ela trazem incertezas que são difíceis de prever. O apoio financeiro dos países árabes e a futura natureza do governo israelense também influenciarão a possibilidade de qualquer plano avançar.
As autoridades árabes estão mais propensas a formular uma resposta baseada na manutenção da integridade dos territórios palestinos, focando em soluções que não envolvam o deslocamento da população e que garantam assistência na reconstrução da região. No entanto, os desafios permanecem, e muitas questões sobre a viabilidade e os impactos de qualquer plano futuro ainda necessitam de resposta.
Assim, a situação permanece em um delicado equilíbrio, com muitos fatores a serem considerados antes que uma resolução possa ser alcançada.