
Desvendando os Mistérios dos Sonhos Lúcidos: O que Acontece no Seu Cérebro!
Sonhos Lúcidos: O Que Acontece No Cérebro
Algumas pessoas conseguem se dar conta de que estão sonhando enquanto estão dentro do sonho e, em certos casos, conseguem até controlar aspectos dessa experiência. Recentemente, um estudo internacional, que incluiu a colaboração de cientistas brasileiros, explorou o que acontece no cérebro durante esses momentos.
Coordenado por pesquisadores da Universidade Radboud, na Holanda, o estudo sobre os chamados sonhos lúcidos também contou com a participação de especialistas de outras instituições na Europa e nos Estados Unidos, além de dois pesquisadores de um importante instituto no Brasil. Segundo os estudiosos, o sonho lúcido sustentado é como um estado de consciência interna, uma espécie de "despertar" para a experiência onírica, que envolve mudanças significativas na forma como o cérebro processa informações.
Geralmente, a lucidez nos sonhos pega as pessoas de surpresa, levando a um despertar súbito. Muitos descrevem essa experiência como um estado tênue entre o sono REM (a fase em que ocorrem os sonhos mais vívidos) e a vigília. No entanto, algumas pessoas parecem ter um talento natural para prolongar esses sonhos lúcidos, um fenômeno relativamente raro e difícil de registrar em ambientes de laboratório.
Uma das particularidades desse estudo foi a análise da atividade cerebral de 26 indivíduos, embora apenas 44 gravações tenham sido obtidas durante os sonhos lúcidos. Os participantes foram convidados a sinalizar que estavam sonhando por meio de movimentos oculares voluntários, o que complicou um pouco as medições, já que os olhos realizam movimentos sacádicos naturalmente, mesmo durante o sono.
Os pesquisadores, então, investigaram o que ocorre em diferentes regiões do cérebro durante esses sonhos. A análise demonstrou que os sonhos lúcidos podem ser vistos como um estado independente, não apenas uma transição entre o sono e a vigília. Eles observaram mudanças nos padrões de ondas cerebrais em áreas específicas do cérebro, como o precuneus, que está ligado à autoconsciência e à imaginação. Aqui, notou-se um aumento na potência das ondas gama, similar ao que ocorre durante o uso de algumas substâncias psicodélicas.
Por outro lado, a atividade de ondas beta estava reduzida na junção temporo-parietal, uma área que integra os dados sensoriais e ajuda a construir nossa percepção corporal. Quando essa região é inibida em pessoas acordadas, pode levar a experiências como a sensação de estar "fora do corpo".
Além de trazer uma nova compreensão sobre esses sonhos intrigantes, os pesquisadores sugerem que os sonhos lúcidos podem ser utilizados em práticas terapêuticas. Isso requer um aprendizado sobre como induzi-los de maneira eficaz. Há técnicas que podem facilitar esse processo, como práticas de ioga e meditação, além da criação de um diário de sonhos, onde se registra sistematicamente as experiências noturnas.
Os resultados desse estudo são um importante passo na exploração do funcionamento do cérebro e abrem portas para novas abordagens em terapias envolvendo sonhos e autoconhecimento.