
Há dois anos, Dilcilene Prado Anelli dos Santos e Ettore Marchiano, ambos com 51 anos, sentem que suas vidas estão paralisadas. O casal perdeu o prazer por atividades que costumava apreciar e se distanciou dos seus trabalhos, como babá e técnico em eletrônica. Eles começaram a fazer terapia para lidar com um luto difícil de superar: a perda da filha, Gabriela Anelli Marchiano, que faleceu aos 23 anos após ser ferida por uma garrafa em um evento esportivo.
Gabriela foi hospitalizada após o incidente, que ocorreu nas proximidades do Allianz Parque, durante uma partida de futebol. Sua mãe comentou que, desde a tragédia, parece que o tempo ficou estagnado. Apesar de buscar ajuda profissional por meio de consultas médicas e terapias, o casal sente que, em vez de melhorar, a dor parece piorar. O pai de Gabriela observou como a vida deles contrastou com a de outras pessoas ao redor, que seguiram em frente, enquanto eles se sentem presos.
Além da saudade, o casal busca justiça pela morte da filha. Jonathan Messias Santos da Silva, apontado como o responsável pelo crime, foi preso e agora enfrenta um júri popular. Ele trabalhava como diretor de uma escola na zona oeste do Rio de Janeiro e nega a acusação.
Uma das principais evidências contra ele é um laudo em 3D, elaborado pelo Instituto de Criminalística, que reconstitui a cena do crime e sugere que Jonathan teria lançado a garrafa que atingiu Gabriela. Imagens capturadas por drone também ajudaram a esclarecer o evento, mostrando a trajetória do objeto lançado.
A juíza responsável pela prisão preventiva de Jonathan ressaltou a gravidade do ato, que demonstrou um comportamento violento e perigoso. Por outro lado, o advogado de defesa argumenta que o laudo apresenta apenas uma probabilidade e questionou a certeza do perito sobre a autoria do arremesso.
Os advogados da família de Gabriela afirmam que apresentarão outras provas no tribunal e estão confiantes na condenação, que pode variar de 12 a 30 anos de prisão para Jonathan. Eles destacam que o crime foi alimentado por motivos fúteis e colocou em risco a vida de muitos, não apenas da jovem vítima.
Apesar da esperança de que uma condenação possa trazer algum alívio, Dilcilene e Ettore ainda se questionam se isso realmente fará diferença em seu sofrimento. A busca por justiça é um passo importante para eles, mas eles reconhecem que a dor da perda permanecerá, independentemente do resultado do julgamento.