
Uma recente reportagem revelou que o Grupo Fictor, patrocinador do Palmeiras, pode estar desviando de regulamentações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e realizando operações financeiras com pouca transparência. A discussão foi reacendida após a divulgação de documentos que contradizem a defesa feita pela empresa.
De acordo com a matéria, publicada em maio, o Grupo Fictor, atuando por meio da Fictor Agro, teria adotado um modelo de captação de recursos irregular. A empresa estaria utilizando “sociedades em conta de participação” (SCPs) em vez de fundos de investimento, que são mais rigorosamente regulados pela CVM e exigem relatórios financeiros auditados. As SCPs, por outro lado, permitem a criação de um sócio ostensivo que assume as responsabilidades legais, enquanto os demais sócios não têm essa obrigação.
A reportagem aponta que o Grupo Fictor controla 11 empresas com um capital total de R$ 1,68 bilhão, mas não é claro quanto desse valor provém de investidores que buscam retorno financeiro sem a incidência de impostos. O grupo negou que as SCPs sirvam para captação de recursos e declarou não possuir investidores, embora documentos acessados pelo veículo de comunicação sugiram o contrário, apontando um acordo significativo com um investidor.
Os lucros decorrentes dos investimentos são considerados elevados, com uma rentabilidade superior a 26% ao ano, superando a taxa Selic em mais de 10%. Em um dos documentos, menciona-se um acordo para obtenção de commodities agrícolas, e outro sugere que as SCPs são, de fato, utilizadas para captação de recursos.
Vale destacar que o Grupo Fictor se tornou patrocinador do Palmeiras em fevereiro deste ano, com um contrato de R$ 25 milhões por três anos, cobrindo tanto o time masculino quanto as categorias de base do futebol feminino. A empresa possui sua marca estampada nas camisas do time.
O patrocínio masculino principal é da Sportingbet, uma casa de apostas que também firmou um contrato com o clube, mas enfrenta restrições para figurar nas camisas das categorias de base devido a regulamentações sobre patrocínios envolvendo menores de idade.
Essa situação destaca a importância da transparência nas operações financeiras de patrocinadores, especialmente em um ambiente onde o dinheiro do esporte e as relações comerciais estão sob um escrutínio cada vez maior. As reações da Fictor e as evidências apresentadas na reportagem continuam a alimentar o debate sobre a ética e a legalidade nas práticas de captação de recursos no mercado esportivo.