
Inflação em Fevereiro: O Que Está Por Trás da Alta Surpreendente?
Em fevereiro, a prévia da inflação apontou um aumento de 1,23%, o que pode ser considerado o pior mês do ano até o momento. As expectativas do mercado variavam até 1,5%, mas, em janeiro, a inflação foi artificialmente baixa devido a um bônus concedido pela Itaipu, que agora faz sua influência ser sentida de maneira oposta.
Uma das principais razões para essa distorção no índice foi a conta de luz. Em janeiro, as tarifas caíram expressivamente, cerca de 15%, em razão do desconto proporcionado pelo bônus da Itaipu. Entretanto, em fevereiro, com a suspensão desse benefício, houve um aumento de 16,33% nas tarifas, com a energia elétrica residencial sendo o item que mais impactou o índice, contribuindo com 0,54 pontos percentuais.
Esse aumento significativo em fevereiro representa a maior alta do IPCA-15 desde abril de 2022 (que foi de 1,73%) e um patamar elevado para um mês de fevereiro desde 2016, com 1,42%. Esse resultado será analisado por diversos setores, mas é importante ressaltar que ele é fortemente influenciado por fatores estatísticos.
As distorções nas prévias de inflação de janeiro e fevereiro são um reflexo direto do efeito do bônus da Itaipu. Sem este desconto, a inflação de janeiro teria sido de 0,71%, enquanto em fevereiro, sem o efeito rebote, o índice seria de 0,69%. Esses dados vêm de cálculos que analisam o impacto real das variações de preços.
Além da energia elétrica, outros segmentos também contribuíram para o aumento. Na Educação, um ajuste sazonal nas mensalidades escolares resultou em um aumento de 4,78%, embora um pouco abaixo das expectativas do mercado, que esperava um incremento entre 5,60% e 5,70%.
O grupo de alimentação teve uma alta de 0,6%, inferior ao índice de janeiro, que foi de 1,10%. Itens como a carne apresentaram uma leve elevação de 0,08%, apesar da alta acumulada de 21% nos últimos 12 meses. Por outro lado, itens como batata-inglesa, arroz e frutas mostraram reduzidas, com recuos mensais de 8,17%, 1,49% e 1,18%, respectivamente. Por outro lado, a cenoura e o café moído tiveram aumentos significativos de 17,62% e 11,63%, respectivamente.
Uma notícia alentadora foi a queda de 20% nas passagens aéreas, bem acima do que o mercado previa, que projetava uma redução de 7% a 8%. Essa diminuição ajudou a moderar uma elevação ainda maior no índice de inflação.
Porém, os dados de fevereiro confirmam que a inflação revela uma resistência em diversos setores, especialmente nos itens mais voláteis como alimentação. O professor responsável por algumas dessas análises colocou em evidência a influência da retirada do desconto na conta de luz e os aumentos nas mensalidades escolares, embora a queda nas passagens aéreas tenha ajudado a suavizar o impacto final no índice.
Com base nos resultados do IPCA-15, as expectativas para a inflação futura estão sendo ajustadas. A projeção inicial para fevereiro, de 1,37%, deve ser diminuída para cerca de 1,20%. Há análises que indicam que o IPCA cheio pode ficar próximo de 1,15%, resultando em um acumulado de 12 meses em torno de 4,89%. No entanto, se março registrar uma inflação de 0,48%, o acumulado poderá subir para 5,23%.
A volatilidade dos preços de alimentos ainda é uma preocupação, e as expectativas são de que, a partir dos próximos meses, haja um alívio nos preços. Historicamente, entre junho e julho, os preços tendem a cair, desde que não ocorram eventos climáticos adversos. No entanto, existe um grau significativo de incerteza, dado que a safra atual enfrenta dificuldades devido a condições climáticas, como secas e calor excessivo.
Recentemente, notou-se uma desaceleração na inflação dos serviços pessoais, como cabeleireiros e empregados domésticos, que registrou apenas 0,01% em fevereiro, comparado ao índice de 0,40% em janeiro. Enquanto isso pode ser visto como um ponto positivo, já que a inflação de serviços é monitorada de perto, também pode refletir uma diminuição na renda real, afetando assim o consumo desses serviços.
Em resumo, os indicadores da inflação apresentam um cenário misto e complexidade que deve ser observada de perto pelos economistas e formuladores de políticas. As variações de preços em diferentes setores e os efeitos de medidas governamentais continuam a influenciar a economia, desafiando as previsões e trazendo incertezas sobre o futuro.