
Na recente definição das partidas da Copa do Brasil, um confronto em especial se destacou: o Ceará contra o poderoso Palmeiras. Essa lembrança me transportou para 1994, ano em que, no antigo Estádio Palestra Itália, o Ceará surpreendeu e eliminou o Verdão em sua própria casa.
Hoje, o cenário é bem diferente. O antigo Palestra deu lugar ao icônico Allianz Parque, mas a dúvida persiste sobre qual equipe é mais forte: a formação de 1994, liderada pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, ou a atual, sob o comando de Abel Ferreira.
Na época, o Palmeiras contava com uma equipe de elite, incluindo cinco jogadores da Seleção Brasileira: Cléber, Roberto Carlos, César Sampaio, Amaral e Evair. O time vinha de um grande momento, tendo conquistado o Campeonato Brasileiro de 1993 e o bicampeonato paulista em 1994, tornando-se favorito claro contra o Ceará.
O primeiro jogo da fase decisiva aconteceu no Castelão, resultando em um empate sem gols. Segundo o regulamento da Copa do Brasil daquele ano, se o jogo de volta terminasse empatado com gols, o Ceará se classificaria. E foi exatamente isso que ocorreu.
Estive presente no Palestra Itália, ao lado do renomado comentarista Sérgio Pinheiro, para cobrir o jogo. A torcida palmeirense estava confiante na vitória e a cabine de imprensa ficava próxima à arquibancada. Em um momento, mencionei o nome do lateral esquerdo do Ceará, Claudemésio, e um torcedor disparou: “Time que tem Claudemésio vai para lugar nenhum”.
O técnico do Ceará, Dimas Filgueiras, havia orientado sua equipe a manter a defesa se conseguissem marcar primeiro, e foi isso que aconteceu. Jaime abriu o placar para o Ceará com 1 a 0. O Palmeiras partiu para o ataque intensamente, e, ainda no primeiro tempo, Evair conseguiu empatar a partida com um pênalti.
O Verdão continuou pressionando, e após uma nova falta na área cearense, outro pênalti foi marcado. Novamente, Evair tentou a cobrança, mas o goleiro Chico fez uma defesa espetacular. Ele se destacou ao longo do jogo, mantendo a meta limpa e levando o Ceará à classificação. O confronto terminou em 1 a 1, surpreendendo a todos.
Quando o árbitro apitou o fim da partida, avistei o torcedor que havia menosprezado o Ceará. Aproveitei para lembrar a todos no microfone que aquele time, que contava com Claudemésio, havia eliminado o Palmeiras em sua casa. O torcedor olhou para a cabine, e a interação trouxe um sorriso ao meu rosto.
Aquele jogo foi inesquecível. O Ceará formou a defesa com Chico, Jaime, Airton, Victor Hugo e Claudemésio; o meio de campo foi composto por Mastrillo, Ivanildo e Elói; na frente, Catatau, Jerônimo e Sérgio Alves. O Palmeiras, por sua vez, parecia invencível, com Gato Fernández, Cláudio, Tonhão, Cléber e Roberto Carlos; César Sampaio, Amaral e Jean Carlo; e na linha de ataque, Macula, Evair e Maurílio. Essa história continua viva na memória dos torcedores, simbolizando as surpresas que o futebol pode proporcionar.